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Sinto saudade daquilo que não vivi. É estranho olhar um caminho abandonado e ver que ele, traçado por outro, foi lindo e colorido. Dá uma saudade estranha do impossível.

Mas cá, muito cá entre nós...é praticamente irresistível o vôo pensante, a asa do tempo, a brisa da imaginação! A vida sem os poréns, uma realidade que poderia ter sido, seduz.

Veja bem! Não é um desejo recalcado, não é uma vontade de mudar a história...é reconhecer no sorriso do outro um pouco do sorriso que você daria lá, naquele espaço, naquele tempo, naquela vida, naquela escolha.

Não existe coisa mais louca e mais humana do que ser alguém diferente em sonho...já dei entrevista no Jô, já me casei com quase todos os ex, já vivi como pescadora e frequentei a alta sociedade. E, de alguma forma, senti saudade de cada momento que não escolhi, inteiramente consciente da beleza do meu próprio caminho.

Amo também quem eu sou. Esse ser estranho e imprevisível que me permite ser assim. Esse alguém que vaga na noite sem precisar abandonar o travesseiro...que dorme do lado do homem amado e que é amada por ele. Essa mulher que é mãe e carrega, agora no ventre, uma outra história sendo formada.

A minha aventura cotidiana e as minhas responsabilidades mundanas convivem assustadoramente bem com as mulheres que eu não fui.


(08/02/2011)