Há dias que a gente sente mais falta da criança que a gente foi. E a minha criança brincava de esconde esconde entre as tábuas na fazenda, andava de bicicleta na rua...a minha criança pegava o jiló no pé para salada, fechava a tramela do portão para as cachorras não saírem.
A minha criança queimava a língua com a calda de pudim que já ia enformar...pegava ovos nos ninhos das galinhas! Todos coloridos! Separava a nata do leite fresco e assava milho no fogão a lenha.
A minha criança comia manga do pé e descobria o bicho na goiaba (e nos piores dias, descobria só metade do bicho)...ela também esfolava o joelho no chão e arrancava a tampa do dedão no terreiro. Minha criança catava tatu bolinha no quintal e quase morria com a pancada do abacate que caía do galho. A minha criança arredava no banco para os primos sentarem e só cerrava a porta pra luz ainda entrar. Ligava a bomba da cisterna, senão faltava água na caixa. Comia banana verde frita com os dedos cheio de nódoas de quem também ajudou a fazer. Aprendeu desde cedo a escaldar o polvilho para sair o pão de queijo perfeito.
Ela também ia ao cinema e ao shopping...mas a realidade do pé no chão ficava marcada mais forte.
Saudade da minha criança, dessa que ainda mora aqui dentro. Mas que mora, um tanto grande nas minhas Minas Gerais!
(03/11/2015)